IFRS - uma forma de ser global

A tendência de globalização, e as tecnologias que nos aproximam, exigem que o relato financeiro, a comunicação de informação financeira por excelência, tenha uma linguagem comum que seja entendida por todos.

Embora os números não sejam totalmente concordantes, a consulta a diferentes fontes de informação, certamente, resultará em consenso no facto de a população mundial exceder os 7 mil milhões de indivíduos, para o que a Europa contribui com cerca de 500 milhões.  

A diversidade que resulta dos números acima referidos, complexificados pelos diferentes ambientes culturais, sociais e políticos coloca desafios de comunicação, e, por maioria de razão, comunicação de informação financeira.

A tendência de globalização, e as tecnologias que nos aproximam, exigem que o relato financeiro, a comunicação de informação financeira por excelência, tenha uma linguagem comum que seja entendida por todos. Como pode ser a performance comparada se existem diferentes formas de reconhecer e valorizar um ativo; ou os critérios de reconhecimento de responsabilidades ser distinto… embora não existam 7 mil milhões de referenciais contabilísticos, ainda assim existe um número significativo. Como abordar esta difícil questão?

Um exemplo claro de sucesso na comunicação global, e que permite uma adaptação local, é a música! As notas musicais são, na sua essência, as mesmas em todo o mundo e qualquer autor pode ter a sua obra tocada por uma orquestra de músicos com várias nacionalidades. A qualidade deste trabalho depende mais do virtuosismo e treino, que das dificuldades de comunicação.

Embora o edifício normativo das IFRS não seja tão simples na sua estrutura como as notas musicais (simplicidade formal, claro!), permite aos interessados no relato financeiro a construção e preparação de informação numa linguagem comum, de critérios e princípios, que favorece a comparabilidade, escrutínio e, no final, mercados mais fortes, transparentes e geradores de riqueza.

Os princípios acima enunciados, nem sempre têm uma concretização simples e as exigências e envolventes diversas das atividades económicas realizadas por uma miríade de entidades e pessoas, resultam, é certo, num conjunto de normas que em alguns casos podem ser complexas de apreensão e aplicação nas situações concretas. Pode até argumentar-se que estas normas são um conjunto hermético e que só os entendidos as conseguem perceber e dominar.

Também é verdade que a grande maioria dos apreciadores de música não tem os conhecimentos para ser autor, ou seja, não consegue escrever música. De facto, atingir esse desiderato, exige dedicação e treino, e para níveis de qualidade apreciável, o virtuosismo tem também que estar presente. Mas, não precisamos de saber escrever música para apreciar a (boa) música.

Defendemos que, de forma similar, um qualquer leitor de demonstrações financeiras, não tem de ser um perito nas normas para poder disfrutar e retirar todo o potencial de um relato financeiro bem preparado. Um qualquer leitor de demonstrações financeiras vai perceber muito facilmente se está perante um relato financeiro bem preparado, sem ter necessariamente que ser um perito na sua preparação. É aqui que nos posicionamos!

Estudamos e treinamos para podermos apreender as normas IFRS e estarmos em condições de sermos os parceiros indicados para que todos os que connosco trabalham possam disfrutar da sua aplicação sem terem necessariamente de ser experts. Afinal, atualmente, ser global já não é só uma questão de dimensão, mas começa por ser uma atitude.  

Por estes dias, talvez a preocupação em identificar as diferenças entre prestar contas em ambiente normativo regulado pelo Sistema de Normalização Contabilística ou em ambiente IFRS, não seja uma prioridade para as entidades. Mas também é certo que, não obstante pela negativa e pelas dificuldades criadas, este último ano demonstrou que estamos muito mais interligados do que nos apercebemos de forma consciente, seja ao nível pessoal, empresarial, societário e outros. Se nada mais, defendemos que se coloque a questão, se me permitem, encorajamos a que nos coloquem a questão, e que se faça essa consideração para cada entidade de forma casuística e considerando o enquadramento particular e as circunstâncias específicas.

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