Práticas responsáveis na Banca
A Mazars divulga uma avaliação global sobre o modo como os bancos estão a incorporar a sustentabilidade nas suas práticas comerciais e aponta para a necessidade de integrar fatores ambientais, sociais e de governance.
A crise provocada pela Covid-19 reforçou o papel ativo da banca na economia, contrariamente ao que sucedeu na última crise, que condicionara o acesso ao crédito. Hoje, tão importante quanto a injeção de liquidez na atividade económica, são as questões ligadas à sustentabilidade, o que abre um leque de oportunidades ao sistema financeiro.
O estudo “Responsible Banking Practices: Benchmark Study 2020” realizado pela consultora internacional Mazars e publicado este mês, analisou a abordagem de 30 instituições de crédito ao tema da sustentabilidade tendo em conta cinco critérios: cultura e governo societário, gestão de risco, reporting, produtos e serviços, métricas e grupos de trabalho, iniciativas e objetivos. Entre os bancos avaliados encontram-se alguns dos maiores europeus, como o Santander, BBVA, Crédit Agricole, Deutsche Bank ou ABN AMRO.
O estudo concluiu que só três dos bancos conseguiram uma pontuação até 90% em apenas alguns dos critérios, demonstrando que o setor tem um longo caminho a fazer no que toca à sustentabilidade, nas suas três vertentes “ESG” (ambiental, social e governança).
“A crise acelerou a necessidade de a banca olhar além das obrigações imediatas para com os acionistas e de refletir sobre o seu propósito, os seus valores e a forma como lida com os funcionários e clientes”, disse ao JE Luís Gaspar, managing partner da Mazars em Portugal.
“Esta reflexão sobre o propósito e os valores irá continuar com acontecimentos subsequentes, que continuam a moldar as expetativas da sociedade sobre justiça social, diversidade e o papel que os atores financeiros têm de desempenhar para garantir que as atividades em que investem são não apenas ambientalmente sustentáveis, mas também socialmente inclusivas”, adiantou.
O consultor não tem dúvidas sobre o papel que a banca poderá desempenhar para proteger a sociedade - e a economia - de choques futuros e considera que a “sustentabilidade será um fator crucial para a recuperação económica”.
“A luz da crescente atenção regulatória, a banca é encorajada a enquadrar a gestão de riscos relacionados com a sustentabilidade, pois há uma necessidade crítica de mitigar os riscos climatéricos e ambientais que estão diretamente relacionados com as emergências sanitárias, fortalecendo as sociedades para choques futuros”, realçou Luís Gaspar. Neste sentido, a “atual colaboração entre governos e instituições financeiras na resposta à Covid-19 pode ser um exemplo a seguir nos atuais e futuros esforços de sustentabilidade”.
A receita para aprofundar a relação entre a banca e as dimensões “ESG” consiste no alinhamento estratégico do setor financeiro para suprir as deficiências que pesam sobre a temática da sustentabilidade. Luís Gaspar defende que no apoio “para a recuperação económica, a banca deve discutir a estratégia pós-Covid e alinhá-la com a resposta aos desafios da sustentabilidade”. Numa primeira linha, isto poderá passar pelo aprofundamento de produtos financeiros que promovam a vertente social da sustentabilidade. Segundo o estudo da Mazars, apenas 43% dos bancos comercializam produtos de investimento socialmente responsável, embora a maioria coloque no mercado produtos com impacto ambiental.
Para aumentar a gama de produtos sustentáveis, o consultor apela à experiência que a banca tem no financiamento verde “para desenvolver mais produtos e serviços vinculados às ‘ESG’ de forma a estimular e apoiar modelos de negócio, tecnologias, práticas e estilos de vida” alinhados com as três vertentes da sustentabilidade.
In Jornal Económico - https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/sustentabilidade-abre-horizontes-na-banca-pos-covid-627935
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