Negócios na Europa Central e de Leste mantêm resiliência

A Mazars, empresa internacional de auditoria, fiscalidade e consultoria, divulgou o estudo Investir na Europa Central e de Leste: Inbound M&A report 2022/2023, em associação com a Mergermarket, que revela que os investidores na Europa Central e de Leste se adaptaram rapidamente ao ambiente mais difícil surgido em 2022, apesar de adversidades regionais e globais sem precedentes. O relatório oferece uma visão global da atividade de fusões e aquisições na região em 2022 e analisa os desafios e oportunidades para os próximos meses.

Para Celso Fernandes, Financial Advisory Director da Mazars em Portugal, “não obstante os desafios para a atividade de M&A em 2023, dada a existência de liquidez, as operações tenderão a ser mais seletivas, direcionadas para targets (i) capazes de manter níveis de cash-flows estáveis, (ii) hábeis a preservar a rentabilidade apesar dos efeitos da inflação e (iii) com menor exposição à dívida.”

No total, estes países registaram 846 transações no valor de 39,2 mil milhões de euros. Embora estes números representem quebras para a região em relação ao período homólogo – face a 2021 o volume e o valor divulgado caíram 5% e 21%, respetivamente – há dois elementos-chave a ter em atenção.

Primeiro, 2021 seria sempre um ano difícil de superar, ou mesmo igualar, graças às baixas taxas de juros de então e à vaga de negócios no momento pós-pandemia. O número de transações registadas em 2022, embora tenha diminuído, é, no entanto, mais elevado do que em qualquer outro ano, com exceção de 2021. O valor agregado destas operações também é superior a qualquer total anual, com exceção do registado em 2021, ultrapassando os 38,6 mil milhões de euros alcançados em 2016.

Em segundo lugar, a região não foi a única a enfrentar condições adversas no que respeita a fusões e aquisições – todas as geografias, sem exceção, foram afetadas. De assinalar que a redução homóloga no volume e valor registados na Europa Central e de Leste foi consideravelmente menos pronunciada do que a observada a nível mundial. De facto, as economias avançadas da Europa Ocidental e da América do Norte sofreram perdas anuais mais acentuadas.

A região da CEE também continuou a demonstrar uma elevada atratividade para o investimento internacional. A proporção global de transações de fusões e aquisições, envolvendo intervenientes transfronteiriços aumentou para 64% em 2022, um aumento de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior e a maior proporção de registos recentes desde 2015.

Em paralelo, no contexto de private equity, a atividade abrandou após o número recorde de negócios de 2021, com o volume de aquisições a cair 31%. O valor apresentou uma quebra ainda mais acentuada, 66%, com as aquisições a totalizarem 3,4 mil milhões de euros em 2022, em comparação com 9,9 mil milhões de euros no ano anterior.

Apesar disso, o volume de aquisições em 2022 manteve-se notavelmente positivo face a padrões históricos. O número de aquisições de private equity em 2022 continua um dos mais altos já registados para a Europa Central e de Leste, com um total de 97 negócios, facilmente eclipsando qualquer total anual entre 2015 e 2020.

Olhando para o futuro, Michel Kiviatkowski, CEE Financial Advisory Leader e Managing Partner da Mazars na Polónia, conclui: “2023 será, com certeza, um ano desafiador. Mas contamos com a qualidade das empresas, a criatividade dos investidores e o apoio contínuo ao Plano de Recuperação e Resiliência, que vale mais de 100 mil milhões de euros para os 12 países localizados nesta região que são membros da UE. Este facto, bem como as bases sólidas da região, sugere que há boas razões para estarmos relativamente otimistas.”

Outras conclusões importantes do relatório incluem:

  • Localizações regionais relevantes. Os quatro principais países para o volume de fusões e aquisições na região em 2022 foram a Polónia (com 235 negócios), Áustria (120), Chéquia (81) e Roménia (76). Em termos de valor agregado dos negócios, a Polónia e a Áustria também ocuparam os dois primeiros lugares, seguidas da Hungria e da Croácia.
  • A tecnologia ainda é protagonista. A tecnologia destaca-se como o principal gerador, em termos de volume, de negócios na região a envolver intervenientes externos em 2022. Embora o número de negócios registados (108) tenha caído 13% em relação aos níveis excecionais alcançados em 2021 (124), não deixa de ser um dos maiores totais anuais para o setor de tecnologia, sendo o mais próximo as 60 transações registadas em 2020.
  • Encurtando a diferença de valor. O múltiplo mediano EV/EBITDA para a região, em todos os setores, foi de 8,5x em 2021-22, tal como mostram os dados da Mergermarket. Este é apenas marginalmente inferior ao múltiplo mediano para a Europa Ocidental, que foi de 8,9x para o mesmo período. A convergência é significativa. Os dados mostram que o múltiplo mediano destes países aumentou (0,7x em comparação com os 7,8x de 2019-20), enquanto o múltiplo da Europa Ocidental caiu (1,8x face aos 10,7x de 2019-20).

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